Uma queimação no meio da noite

É uma sensação estranha, como um formigamento, uma sensação de alguma coisa. Parece ser uma esperança, uma vontade de fazer algo e ser algo mais, é uma vontade de correr riscos e de sentir o vento no cabelo, de ver a luz do sol e voar. É uma sensação indescritível de futuro e quando você se dá conta disso a garganta se aperta em um nó e tudo o que você tem é nada, porque você percebe que tudo isso, essa sensação, é fruto de alguma coisa, talvez da tua calmaria e dos dias repetitivos, da vida circular.
E quando você nota a tua realidade se sente apertado e aquela sensação se converte num aperto de ideias, num misto de sentimentos que no fim não dá em nada e o que resta é o vazio das possibilidades e o oco do ser interior. Há esse ciclo que vez por vez se faz presente e que você como ser humano aprende a lidar, mesmo sem querer, mas você aprende porque aprendeu em momentos passados que a vida é um vazio gigante, a realidade não é aquilo que sentimos, porque não sentimos nada, a realidade é o que ouvimos os outros dizerem, é o que lemos nos livros e vemos nos filmes, isso é real. E falso.
Você compra a tua vida toda, arquiteta teu futuro, planeja cada vírgula e do nada se dá conta de que você vive em decorrência daquilo; você se anula e segue pelas metades numa busca utópica daquilo que você nunca vai ser, porque quando se busca esse algo mais você esquece de olhar o presente e se espelhando no passado pensa somente no futuro.
A sensação a qual eu falava antes, é um lapso, um momento em que tua alma reconhece, mesmo que inconscientemente, que há mais coisa além do que você vive, por dentro você sabe que anda na rua pelas metades, anulando a si mesmo. Essa sensação é um pedido de socorro de você a você e que mesmo assim é ignorada. Nós nos deixamos inundar pelo vazio quando por dentro somos completos.
Feche teus olhos e se pergunte se você vai continuar ignorando quem é para buscar alguém que queiram que você seja, se pergunte se quer continuar no teu emprego que não satisfaz, se vai continuar fazendo esse curso que não te realiza ou se simplesmente não vai sair desse marasmo infeliz. Se pergunte se você está sendo autentico com si mesmo, se você se conta a verdade ou se engana com as mentiras – que não são suas. Se pergunta se aquele vazio é teu por direito ou se aquela sensação, o teu pedido de socorro, que é tua por direito. Sinta as suas possibilidades.

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