existo mas não
eu me sinto sonolenta agora
e nesse meio de tarde
há nuvens e pássaros
há o barulho do silêncio
e o desalinho da casa
disseram-me que estava tudo em ordem
que agora tudo seria tranquilo
mas há essa incerteza que me ronda
pra sempre e de sempre
marinando
constante
eu escrevo poesias que ninguém lerá
e canto músicas que já não escuto mais
eu tenho uma vida que daqui uns anos
não existirá
e dela o que me resta
é a conversa e as histórias de quem fica
apontaram-me a pouca idade que tenho
e tanta juventude que vem
mas sinto-me velha
e cansada nas juntas
que estralam quando ando
vivo nesse misto incerto
de presente passado e futuro
mas quando fecho os olhos
vejo as nuvens do dia
e sinto a brisa da vida.
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